quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cão de Pavlov

Um célebre médico russo do início do século 20, chamado Ivan Pavlov, treinou cachorros para que eles ficassem com água na boca sem que houvesse nenhuma comida por perto. A coisa funcionava assim: toda vez que os bichos eram alimentados, o médico tocava uma sineta. Com o tempo, os cães começaram a associar as badaladas à comida. E chegavam a babar famintos só de ouvir o sino, mesmo que o prato deles estivesse vazio. Muitos podem lembrar que já ensinaram truques parecidos para seus cãozinhos, mas a experiência de Pavlov tinha um propósito bem mais nobre do que disciplinar o melhor amigo do homem. A idéia do médico russo era propor uma novidade científica: os reflexos condicionados.

Os seres vivos já nascem com certos reflexos - em outras palavras, são programados para terem determinadas reações diante de situações específicas. Se um surfista no mar tromba com um tubarão, por exemplo, seus músculos ficam tensos e sua atenção, pra lá de redobrada. Afinal, o corpo dele concentra energia automaticamente para fugir daquela ameaçadora boca cheia de dentes. Isso é uma amostra clássica de um reflexo natural. O que Pavlov descobriu é que esses reflexos também podem ser criados do nada, sem um motivo concreto para eles entrarem em ação, além de não funcionarem apenas com animais. Lembra o filme Tubarão, dirigido por Steven Spielberg em 1975? Sempre tocava a mesma trilha sonora de suspense antes de o tubarão-protagonista atacar algum personagem. Chega uma hora no filme em que as notas musicais, sozinhas, já metem medo nos espectadores, mesmo que nem haja um tubarão na cena.

"Os espectadores, nesse caso, reagem como os cães de Pavlov: ficam tensos ao ouvir a música quando percebem, ao longo do filme, que ela indica morte", diz o psicólogo Edward Kardas, da Universidade Southern Arkansas, nos Estados Unidos. Enfim, Pavlov descobriu que esse tipo de condicionamento pode ser a base do comportamento humano. E de vários problemas da nossa mente. Segundo ele, os psicóticos sofreriam mais do que as pessoas comuns justamente por causa do condicionamento. Por algum motivo, eles perceberiam qualquer estímulo externo, como um singelo "bom-dia!", como uma forma de agressão. As pesquisas do médico russo também chegaram a lugares bem distantes dos consultórios. A própria publicidade usa essas descobertas a seu favor. Por exemplo: quando algum comercial tenta associar a idéia de liberdade com a imagem de uma marca de cigarro ou a de felicidade com uma rede de fast-food, as idéias do russo estão lá, bem no fundo.

Afinal, como os cães de Pavlov, nós também podemos ser treinados para babar à toa...

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Navalha de Occam

A Navalha de Occam ou Navalha de Ockham é um princípio lógico atribuído ao lógico e frade franciscano inglês William de Ockham (século XIV).

O princípio afirma que a explicação para qualquer fenómeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação do fenómeno e eliminar todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria. O princípio é frequentemente designado pela expressão latina Lex Parsimoniae (Lei da Parcimónia) enunciada como:"entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem" (as entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade).

Esta formulação é muitas vezes parafraseada como "Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenómeno, a mais simples é a melhor".

O princípio recomenda assim que se escolha a teoria explicativa que implique o menor número de premissas assumidas e o menor número de entidades.

Originalmente um princípio da filosofia reducionista do nominalismo, é hoje tido como uma das máximas heurísticas (regra geral) que aconselham economia, parcimónia e simplicidade, especialmente nas teorias científicas.
 

"Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenômeno, a mais simples é a melhor" 


William de Ockham