quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Houve certa vez um criminoso de nome Charlie Peace. Não tinha respeito nem pelas leis de deus nem pelas dos homens. Mas afinal um dia foi preso e condenado à morte. No dia de sua execução, foi levado ao corredor da morte na penitenciária de Armley Leeds na Inglaterra. A sua frente ia o capelão da prisão, lendo versículos da Bíblia em voz monótona e desinteressada. O criminoso tocou-lhe no ombro e indagou o que estava lendo. “A vida eterna e o inferno”, replicou o sacerdote.” Charlie Peace ficou chocado de ver como ele lia aqueles textos acerca do inferno de maneira tão mecânica. Como alguém podia ser tão morno, a ponto de conduzir outro para a forca, sem emoção alguma, lendo-lhe palavras sobre um abismo profundo no qual o condenado estava prestes a tombar? Será que aquele pregador cria de fato que existe o fogo do inferno, que arde incessantemente, e nunca consome suas vítimas, já que lia tudo sem ao menos estremecer? Seria humanos um indivíduo capaz de dizer a outro mornamente: “Você estará morrendo eternamente, sem nunca conhecer o alívio que a morte poderia dar-lhe” ? Aquilo foi demais para Peace, e ele se pôs a pregar. Veja só o sermão que pregou no próprio em que caminha para o inferno.

“Senhor”, disse, dirigindo-se ao capelão, “ se eu acreditasse nisso em que você e a igreja dizem crer, andaria por toda a Inglaterra, só para salvar uma alma, e, se preciso fosse, iria de joelhos, mesmo que a superfície dela fosse recoberta de cacos de vidros, e acharia que teria valido a pena”.

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